Enquadramento do 10º Símpósio do CMEH a ser realizado de 8 a 11 de maio de 2025

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UTOPIAS EM ANDAMENTO
Caminhos para a Nação Humana Universal

Este Simpósio tem interesse em desvelar a estrutura da crise pessoal e social que atravessa o atual momento histórico. Uma crise que causa profundo desconforto aos indivíduos e aos povos e é potenciada pela acumulação de narrativas distorcidas de um sistema global capitalista, individualista e predatório, que impõe a sua estrutura baseada na violência.

A abordagem abrange uma ampla gama de desafios, desde a busca de um sentido existencial, até às guerras, à ameaça nuclear, à pobreza, à desigualdade de oportunidades, à discriminação e à emergência climática e ecológica, em um tempo marcado pela incerteza, pelo irracionalismo e por crenças e ideologias retrógradas e decadentes.

Além de abordar em profundidade o processo estrutural e histórico de compreensão da crise terminal do sistema vigente, o Simpósio busca, acima de tudo, ser um catalisador para a apresentação de novos caminhos humanistas para superá-la.

É essencial recolher as contribuições de todas as culturas da Terra, compreendendo e superando os preconceitos e limitações da matriz política, económica e cultural imposta por séculos de colonialismo e patriarcado. Os elementos mais progressistas das tradições culturais dos povos devem convergir para servir de base à primeira civilização planetária da história humana.

Da mesma forma, é fundamental compreender que não haverá mudança possível se não houver transformação na forma como olhamos para nós mesmos e para o que está acontecendo no mundo. É necessário desenvolver uma perspectiva que transcenda a mecânica de um mundo vítima da maldade e da loucura, e ampliar a perspectiva através do desenvolvimento de uma consciência lúcida e de um “bom conhecimento”. É inevitável alinhar as visões com as aspirações mais elevadas de cada indivíduo e da humanidade como um todo e ativar aquelas experiências profundas e comuns que permitiram à humanidade progredir e evoluir ao longo da história. Desta forma, o ser humano recuperará um sentido existencial válido, saltando sobre o abismo dos estímulos e da escala de valores ultrapassada do sistema.

Recolhendo as experiências positivas dos momentos humanistas da história, hoje mais do que nunca, é necessário dar ênfase a imagens que mobilizam grupos para utopias brilhantes, que se conectam com as tensões e necessidades vitais mais profundas, guiando a humanidade numa direção libertadora.

Direção em que se expressa uma sensibilidade onde o ser humano se constitui como valor e preocupação central, se afirma a igualdade de todos os seres humanos e se valoriza a diversidade pessoal e cultural. Da mesma forma, esta atitude implica o fortalecimento da tendência de desenvolver um conhecimento acima do que é aceito ou imposto como verdade absoluta, onde se exerce a liberdade de ideias e crenças e se repudiam todas as formas de violência.

Que imagens podem orientar este processo, ligando a memória ao projeto e respondendo às urgências vitais e ao sentido do conjunto humano?
Como aproximar as pessoas e os povos, neste momento de polarização manipulada, a uma experiência de reconciliação profunda que implique a reparação das violências e dos erros cometidos?
Deveríamos pensar num tipo único de nova organização social ou antes abrir passo para a multiplicidade de propostas e tentativas?
Que mito pode dar brilho, poder e consistência épica a essas imagens?
Que tipo de espiritualidade pode dar profundidade, significado evolutivo e permanência a este novo capítulo da história?
Como podemos alcançar com este propósito os corações das gerações criativas e dos grupos que hoje estão sem esperança?

Em suma, o Simpósio pretende ser um espaço de diálogo crítico, construtivo e criativo, que promova uma compreensão profunda da crise multidimensional deste sistema desumano e não aperfeiçoável que hoje aprisiona o espírito humano. Ao mesmo tempo, o Simpósio cria um espaço para propor perspectivas humanistas que possam guiar a sociedade em direção a um futuro sem muros, não violento, sustentável e equitativo: ¡A Nação Humana Universal!